quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Porque celebramos o Halloween?

Muitas pessoas nos questionam porque celebramos esta festividade que, segundo elas, pouco ou nada está ligada à nossa cultura. É verdade que a sociedade lhe atribui uma componente muito comercial (pelos enfeites, fatos, pinturas, festas) e desreguladora de uma alimentação saudável, por incentivar ao consumo (mas também à partilha) de doces.

Como impulsionadora desta celebração no colégio tanto pela curiosidade cultural, como pela minha formação como professora de Inglês para crianças, importa clarificar os objetivos gerais que estão implícitos em todo o trabalho que se faz em relação a esta tradição.



1º Ciclo

A escola é um local privilegiado para a construção e vivência de valores culturais, não só nacionais, como  de outros países. É importante que as crianças se identifiquem com diferentes realidades, tomem contato com novo vocabulário, trabalhando valores como a aceitação e respeito de outras tradições, tanto nos trabalhos concretizados, como e durante a pesquisa, a reflexão e discussão.

Assim, surge a comparação entre a cultura portuguesa e inglesa/americana no1ºCiclo. Sem descriminar, comparam-se tradições, músicas, lendas, simbolismos e obras de artefactos. Fazemos a ligação entre a história e cultura dos países. Parte-se das experiências vividas pelos alunos dessas tradições (do “Pão-por-Deus”, do Dia de Todos os Santos, Dia dos Defuntos ou do Halloween) para se refletir sobre a sua simbologia e associações a crenças espirituais ou religiosas.

O tema do Halloween está inserido no programa de Inglês (1ºCiclo e 2ºCiclo) onde o vocabulário específico e a vivência da realidade inglesa ganham ainda mais sentido. Mesmo no Jardim de Infância, onde não existe um ensino formal desta língua, o contacto com esta tradição abre as portas para esta cultura, agussando a curiosidade e expetativa para as futuras aulas de Inglês.




Para além das ligações culturais, trabalham-se outras temáticas e conceitos ligados às orientações curriculares e currículos nacionais que, através desta festividade, são apreendidos de forma mais significativa e consolidada:

Corpo Humano - O esqueleto humano é aproveitado para se trabalhar os ossos (sala dos 5 anos);



Alimentação - A abóbora ganha outra importância, deixando de ser apenas um fruto/legume ou uma “cara feia”, para se perceber o seu cheiro, sabor e se confecionar a sopa e o doce (sala dos 3 e 4 anos);

 


                                                           Sala do ano e meio e 2 anos

 

                                                                     

 

 

                                                                     Sala dos 3 e 4 anos

 

                                                                       Sala dos 5 anos

 

 

 

Oficina de Escrita - a criação e escrita de histórias ligadas a esta temática (1º Ciclo e sala dos 5 anos);

 

 

                                                                      Sala dos 5 anos

 


Expressão Plástica/emoções - ao colocarmos nos nossos desenhos e pinturas os “nossos fantasmas”, libertando-nos do medo, sentindo poder sobre eles, somos nós que os estamos a criar (dentro e fora de nós)…será que existem mesmo…? Então porque os desenhamos e vemos de diferentes maneiras dos nossos colegas? Cada um tem a sua visão, a sua criação…cada um inventa ou pinta um personagem de medo e susto. Porque varia…nem todos temos medo das mesmas coisas, dos mesmos personagens… e assim a nossa arte ganha outra dimensão, uma dimensão libertadora.





                                                Prontos para provar o docinho de abóbora?
                                                         (sala dos 2 anos e ano e meio)
                                                  



Expressão Dramática/emoções - ao tornarmo-nos personagens que nos assustavam e passamos a ser nós que assustamos os outros…ganhamos esse poder e perdemos o medo. Trabalhamos as nossas emoções ao substituir o medo por brincadeira, os que querem ser bruxos ou feiticeiros por um dia e os que querem ser fadas ou bruxos bons para transformar as bruxas que fazem maldades em pessoas mais simpáticas… a eterna luta do bem contra o mal, em que o amor e a amizade acabam sempre por vencer. Acreditamos na salvação sobre quem nos assusta e enchemo-nos de esperança e motivação para sonhar sem medos de personagens que não nos fazem mais nada a não ser assustar-nos.



Se não há razões para ter medos, podemos então ver filmes de terror à vontade?

O colégio não defende isso! Aqui no colégio a questão do susto e do medo são vividos num ambiente controlado, com muito amor e segurança à mistura. Os filmes de terror são feitos precisamente com a intenção contrária. Fazer acreditar e criar uma envolvência em que tudo pareça real ao despertar nas pessoas ansiedade, medos, terror, cenários improváveis e irreais. Mexe-se com o emocional de tal forma, que muitas pessoas têm dificuldade em sair daquelas “realidades”, quanto mais as crianças. O que propomos com o Halloween são aprendizagens concretas e orientadas através da brincadeira e do faz-de-conta.

Marta Chumbinho
(assessora da Direção do Colégio da Tapada das Mercês; Licenciada em Ensino Básico, Professores do 1º Ciclo; aluna de Mestrado em Educação, na área da Formação Pessoal e Social)


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