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terça-feira, 2 de abril de 2013

A harmonia entre autoridade e liberdade – enquanto princípio orientador das vivências nesta instituição


1. Liberdade versus Autoridade?

            Para Savater (1997), citando Hegel, «ser livre não é nada, tornar-se livre é tudo». Segundo este autor a liberdade é uma conquista.“Nenhum dos seres humanos é «livre» se por tal entendermos ser capaz de inventar-se completamente a si mesmo apesar da sua herança biológica e das suas circunstâncias ambientais […].”
            Por outro lado é importante darmo-nos conta da profundidade da relação entre estes dois conceitos, que talvez não exista liberdade sem autoridade, um conceito não exclui o outro, mas acompanha-o como referem Reboul (2000) e Cabanas citando Reboul:

                                     E o verdadeiro debate não é entre uma liberdade e uma 
                                     autoridade igualmente abstratas,  mas entre as diferentes figuras de 
                                     autoridade: qual é a mais apta para educar, isto é, para formar liberdade? […]
                                     [o fito da educação] é permitir a cada qual aprender por si mesmo 
                                     dispensando o professor, e ir do constrangimento para o 
                                     auto-constrangimento ser maior.
                                     (Reboul, 2000)

                        « […] não significa simplesmente contradição, mas também oposição
                        de duas leis, quer dizer, de duas regras, cada uma das quais pode
                         reivindicar com justiça a nossa adesão. Desconhecer uma destas
                        duas regras opostas será uma violência arbitrária do espírito, um dogmatismo.» 
(Cabanas, 2002)

            Para que os alunos não se prejudiquem a si e aos outros tem que haver referências de autoridade, regras a cumprir e constrangimentos para quem não os cumpre. Porém, o objetivo da autoridade é a integração social e o convívio harmonioso entre todos, não é que fiquemos dependentes dela e deixemos de atuar de determinada maneira com medo de sermos castigados, mas com a responsabilidade e consciência de porque é que não o devemos fazer, como refere Kant, citado por Cabanas:

                                    […] Como cultivar a liberdade pela coação? Devo acostumá-lo 
                                    [educando] a sofrer uma coacção na sua liberdade, e ao mesmo 
                                    tempo devo guiá-lo para que faça um bom uso dela. Sem isto tudo 
                                    é um mero mecanismo e uma vez acabada a sua educação não 
                                    saberia servir-se da sua liberdade. (Cabanas, 2002)

            Como fim, será ter um sentimento de autoridade e liberdade implícitos pelos quais nos vamos regulando. Essa autonomia pode e deve ser potenciada em educação, como veremos mais à frente.

(...)
           Foi com a intenção de querer ser um estabelecimento de educação de referência, e não autoritário, que este colégio se inspirou na pedagogia do modelo do Movimento da Escola Moderna (que teve a sua origem na década de 60):

                        O Movimento da Escola Moderna é uma associação de profissionais de 
                        educação que se assume como movimento social de desenvolvimento 
                        humano e de mudança pedagógica. Propõe-se construir respostas contemporâneas 
                        para uma educação escolar intrinsecamente orientada  para valores democráticos
                        de participação direta através de estruturas de cooperação educativa   (www.movimentoescolamoderna.pt).

            Foi há cerca de 10 anos que o nosso colégio sentiu necessidade de trazer para a sala de aula e escola a vivência em comunidade. Era importante que os alunos percebessem que a vida da escola ou da sala seria muito semelhante àquela que teriam em sociedade quando crescessem. Daí a importância de proporcionar-lhes vivências concretas de exercício de democracia, intervenção, participação comunitária e social. Estes e outros valores, para além de serem construídos através da reflexão em assembleia ou conselho de turma ou do estudo autónomo, são vividos no dia-a-dia da turma, na escola e em determinados momentos em casa. O professor não é visto como o centro do saber, mas como um orientador do processo de aprendizagem e uma referência no relacionar dos saberes.

            Tem sido muito interessantes e enriquecedoras as reflexões que este modelo pedagógico tem possibilitado, tanto com os encarregados de educação como com a restante comunidade educativa. A relação entre liberdade e autoridade está muito presente como mote para a reflexão sobre os valores que se pretende construir no colégio. Somos seres imperfeitos à procura do equilíbrio entre perfeição e imperfeição e por isso muitas vezes caímos nos extremos do fundamentalismo que nos cega. Por isso para o nosso desenvolvimento moral enquanto instituição e profissionais da educação é tão importante a partilha, com outros colegas, de medos, de inseguranças, mas ao mesmo tempo de estratégias e possíveis soluções.

            O modelo do movimento foi um ponto de partida, porém a nossa curiosidade e vontade de chegar mais fundo nestas questões, não se esgota nele. Têm sido muito importantes as leituras e pesquisas que temos feito de outros modelos de trabalho semelhantes nos Estados Unidos, por exemplo: Organizações que investigam as relações interpessoais no contexto educativo, partindo da clarificação de valores (de Raths); ou a vivência em comunidades justas (com base na teoria cognitivo-desenvolvimentista, de Kohlberg).

            Assim, neste colégio tanto os adultos (como os alunos uns com os outros) procuram ser referências de autoridade, construída em contexto educativo. Assumimos, obviamente, que por sermos seres imperfeitos, algumas vezes, ainda derrapamos, infelizmente, para o autoritarismo. É por isso que tanto o pessoal docente como não docente procuram frequentar formações com vista à construção de uma estrutura pessoal, que os ajude a compreender a rebeldia ou desinteresse de alguns alunos, sem associar a faltas de respeito. Procuram perceber as suas motivações, apropriando-se de mais estratégias e serenidade, que lhes permitam exercer a sua autoridade sem se descompensarem, ao usarem um tom de voz ou expressão corporal desadequados.




Texto redigido por:

Marta Chumbinho
Assessora da Direção


Suporte Bibliográfico
Altarejos Masota, F. et al. (1991-98). Filosofia de la Educación Hoy (pp. 72-73 e 360). Madrid: Dykinson.

Cabanas, J. (2002). Teoria da Educação: Concepção antinómica da Educação. Porto: Edições Asa.

Reboul, O. (2000). A Filosofia da Educação (pp.53-61). Lisboa: Edições 70.

Savater, F. (1997). O valor de educar (pp. 67-81). Lisboa: Editorial Presença.





quarta-feira, 13 de março de 2013

Projeto Educativo 2012-2015


" O presente Projeto Educativo de Escola destina-se ao Colégio da Tapada das Mercês, instituição particular de ensino integrado, com as valências de Creche, Jardim de Infância e Primeiro Ciclo do Ensino Básico. Tem como finalidade regulamentar a filosofia de trabalho da instituição, incidindo sobre a componente pedagógica, clarificando as opções teórico-práticas que orientam a intervenção dos docentes e de todo o pessoal que trabalha na instituição.
De um modo geral, a lógica social e relacional com as crianças e entre profissionais nesta instituição de ensino estabelece-se numa linha de socio-construção cooperada, em que todos os elementos se devem integrar e ser integrados, de forma exigente, responsável e adequada às especificidades de cada um, na gestão das práticas diárias de trabalho.
Este documento está organizado em vários capítulos; começa com a descrição dos princípios fundamentais da instituição e segue-se uma breve caracterização do contexto educativo. Após essa apresentação inicial, identificam-se os problemas a resolver, seguidos dos objetivos, bem como do respetivo plano de ação.
Para finalizar, descrevem-se as modalidades de avaliação praticadas no colégio nas diversas valências, bem como o impacto das mesmas para a avaliação deste Projeto, concretamente. "
in Projeto Educativo - Colégio da Tapada das Mercês 2012-2015 

Para consultar o nosso novo Projeto Educativo aceda ao seguinte link:


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Projeto Curricular de Escola

 
[…] o P.C.E (Projeto Curricular de Escola) é um plano antecipador da ação (LEITE, 2000, p.1), numa tentativa de adaptação ao Currículo Nacional (prescritivo), à realidade de cada escola, não especificamente ao nível da sua filosofia (parte integrante do Projeto Educativo de Escola), mas ao da concretização. Este projeto está dependente do P.E.E, uma vez que se rege pelos princípios nele definidos, para a nossa instituição.

[…]

Que escola queremos ser?


[…] Um dos pontos centrais a ter em conta neste projeto é a preocupação na formação para uma cidadania plena e responsável, apostando na melhoria das relações sociais entre alunos e adultos e os mesmos entre si.
Do ponto de vista curricular, pretendemos desenvolver mais alguma reflexão que nos leve a operacionalizar com progressivo sucesso a gestão flexível do currículo, contribuindo mais e melhor para o sucesso dos próprios alunos.
             Pensamos também que este projeto deve prever a unidade e continuidade pedagógica do colégio, desde o trabalho no Jardim-de-Infância, até ao trabalho no 1º Ciclo, e em cada um dos ciclos de forma sequencial e integrada.


Relações sociais


A escola é um meio de vida social bastante complexo e, como tal, rico. Queremos que as nossas crianças se tornem sujeitos conscientes, críticos e intervenientes. Assim sendo, propomo-nos construir com elas uma escola cada vez mais aberta e cooperativa, onde todos tenham responsabilidade e espaço de ação.
Torna-se importante desenvolver nas crianças um espírito de solidariedade, justiça e responsabilidade, através do trabalho em equipa, da partilha do “poder” e dos recursos [valores promovidos através da área da Educação Cívica]. A colaboração de todos torna-se imperativa, a fim de se resolver conjuntamente conflitos, problemas, debater ideias e dar sugestões.
[…] São estes os valores [autonomia, tolerância, da solidariedade, do trabalho em equipa, partilha] que favorecem sem qualquer dúvida um bom relacionamento pedagógico e social […]. Por outro lado, convém lembrar que cabe à escola formar cidadãos livres, críticos, responsáveis e socialmente intervenientes.
[estas intencionalidades são operacionalizadas através de estratégias específicas para esse efeito, seguem-se alguns exemplos: Trabalho em Projeto, Conselho de Cooperação, Planificações e Balanços diários, trabalho em grupo, Tempo de Estudo Autónomo]


Gestão Curricular

[…] consideramos importante organizar as atividades pedagógicas e o ensino explícito de modo a que as aprendizagens realizadas pelas crianças sejam progressivamente mais significativas, partindo das suas experiências, necessidades e motivações. […] de acordo com Delors (1996), o professor/educador não deve só transmitir conhecimentos aos seus alunos, deve também apetrechá-los com competências que os ajudem ao longo da sua vida. […] o ensino  deve estar centrado em quatro ideias fundamentais: aprender a fazer; aprender a conhecer; aprender a viver juntos; aprender a ser.
[o objetivo é] usar estratégias que impliquem a criança, desde muito nova, na sua própria aprendizagem, desafiando-a, estimulando a sua curiosidade e, como consequência, lançando-a à descoberta.


Para a continuar a ler esta breve apresentação do nosso Projeto Curricular de Escola siga este link:



segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Projeto Educativo

No nosso todos são responsáveis pela orientação pedagógica do trabalho que se faz, em especial os professores e educadores (mas sempre com a colaboração das auxiliares, alunos e Encarregados de Educação), partilham de uma visão democrática e democratizante extensível a todos os tipos de relações interpessoais que se estabelecem. Não nos restringimos a pensar apenas na educação das crianças, mas sim preocupamo-nos em alargar o nosso campo de visão para aquilo que é a escola como um todo.

Só assim a sala de aula deixa de ser um "laboratório" de aprendizagens e passa a ser um espaço de construção e operacionalização de princípios e formas de vida que, de forma progressiva e diferenciada, se vão modelando e aperfeiçoando sempre em função das duas vertentes da vida social que interagem constantemente: o individual e o colectivo.
Portanto, a aprendizagem curricular é sempre vista não como um fim em si mesma mas, como parte integrante da vida global da criança.

Desta forma, destacamos alguns princípios que consideramos fundamentais para caraterizar a filosofia desta instituição:

- Democracia ativa e real;
(Que vive e se transforma pela participação concreta de todos no funcionamento da escola e,
em particular das turmas);
- Cooperação;
- Circuitos reais de comunicação;
- Interatividade entre todos os elementos da comunidade educativa;
- Aprendizagens com sentido para todos e para cada um;
-
Diferenciação Pedagógica

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A importância do Conselho para o desenvolvimento sociomoral das crianças

Tanto no Jardim de Infância como no 1º Ciclo o Conselho de Cooperação faz parte das rotinas diárias dos grupos, possibilitando a participação democrática das crianças tanto na definição e organização das atividades semanais, como na gestão de conflitos, construção de valores e de regras de convivência. A vivência em Conselho e a sua estrutura vão evoluindo em cada grupo de acordo com as realidades das crianças e sua faixa etária.

Para melhor clarificar a sua relevância na formação pessoal e social das crianças, apresentamos um excerto do artigo Contributos da prática de Conselho de Cooperação Educativa para o desenvolvimento socio-moral dos alunos, redigido pela nossa Diretora Pedagógica do 1º Ciclo, Marta Louseiro e publicado na Revista do Movimento da Escola Moderna em 2011.

" (...)

O Conselho de Cooperação
O Conselho de Cooperação é uma estrutura organizativa e formadora por excelência, que tem vindo a ser desenvolvida no seio do Movimento da Escola Moderna (MEM) desde a sua origem, sobretudo a partir dos contributos da Pedagogia Institucional. A prática de Conselho que, hoje, se discute no MEM, já é muito diferente da “Assembleia” que Freinet instituiu com os seus alunos no início do século XX porque, nas palavras de Sérgio Niza, “a valorização das funções do Conselho como locus instituinte da vida em desenvolvimento do grupo turma em cooperação, deve-se à forma como soubemos no MEM acompanhar e dialogar nos anos 60-70 com as posições conflituantes, mas inovadoras dos que criaram a Pedagogia Institucional em França” (Niza 2003).
A realização do Conselho de Cooperação na sala de aula, permite o livre exercício da prática democrática directa, com vista ao desenvolvimento socio-moral dos alunos, integrados em verdadeiras comunidades cooperativas de aprendizagem. “A Assembleia ou Conselho Cooperativo foi para mim a génese do que entendo hoje por Conselho de Turma. Enquanto Conselho de Cooperação Educativa é uma instância não somente de partilha de poder, mas de exercício directo da participação democrática na escola e motor do desenvolvimento moral (para a cooperação através da cooperação) e do desenvolvimento social e cívico (pela promoção do auto-controle e da construção das normas e dos valores democráticos vividos numa instituição educativa auto-regulada por consensos negociados)” (Niza, 1991, pág.30). Nesta expressão Sérgio Niza clarifica dois princípios fundamentais que estão na base do Conselho que realizamos hoje com os nossos alunos: a participação democrática directa e a cooperação. O Conselho não é uma instância representativa e burocrática de exercício de poder, à imagem do funcionamento político nas democracias actuais. Em Conselho cada um expõe os seus pontos de vista, as ocorrências que foram significativas para si, positiva ou negativamente, faz as suas propostas e, quando assim é estipulado, gere o próprio Conselho. A função de presidente e secretário não é atribuída a um único ou a um grupo restrito de alunos, de acordo com um critério definido pelo professor ou pela escola. Também não está sujeita a votações ou campanhas. Todos, rotativamente, assumem essas funções, uma vez que, em Conselho, não imperam hierarquias de poder, mas sim o valor da igualdade e da cooperação, respeitando e tendo em conta as especificidades de cada um. Todos são igualmente responsáveis por esta instância, participando nas várias funções que lhe estão implícitas.
Diz-nos Francisco Leitão, a partir dos contributos de Vygotsky acerca da aprendizagem cooperativa, que “a criança aprende quando numa diversidade de contextos, se envolve em actividades e processos conversacionais com os outros, com os adultos e parceiros da idade com quem convive. Gradualmente, estes processos conversacionais, estes diálogos e actividades com os outros, são interiorizados, estruturando-se como uma linguagem interior, um centro organizador que dirige e regula os comportamentos e pensamentos da criança. Desta forma, a linguagem interior, as conversações que mantemos connosco próprios, têm a sua origem nas conversações e diálogos sociais que estabelecemos com os outros, constituindo-se como mecanismo decisivo nos processos de aprendizagem, planificação e auto-regulação” (Leitão, 2006,pág.27). Em Conselho de Cooperação, promovem-se os tais “processos conversacionais”, os quais interagem com a construção de uma “linguagem interior”, através de consensos mediados cuidadosamente de semana para semana. Vai-se, deste modo, construindo um quadro de valores e regras de vida que conferem ao grupo uma identidade própria e o estatuto de verdadeira comunidade de aprendizagem. Segundo Mason (2003, pág.248), uma comunidade de aprendizagem “… é, antes de tudo, a consciência das metas a alcançar intencionalmente através das actividades escolares, a qual deve pôr em movimento um comportamento motivado, estratégico, reflexivo, auto-controlado e auto-regulado, orientado constantemente para essas metas. (…) A capacidade de pensar sobre o pensamento, de reflectir conscientemente sobre si mesmo como pessoa que pensa e aprende, de monitorizar e corrigir a própria actividade de elaboração mental, é exigida, e praticada efectivamente, no contexto concreto em que se desenvolve a aprendizagem colaborativa na classe.” Acredita-se, portanto, que os “processos conversacionais”, estabelecidos de forma cooperativa e autêntica, a partir das ocorrências que fazem parte da vida da turma, levam à construção de uma “linguagem interior” que se enquadra na dimensão metacognitiva de cada indivíduo; cada um vai sendo capaz de, na sua especificidade, modelar a sua forma de pensar e agir em função dos compromissos que assume com a sua comunidade, pensando sobre as suas próprias formas de pensar, conhecendo-se melhor e adequando esse conhecimento e atitudes à linguagem comum do grupo em que se insere. É um processo dinâmico, de transformação interior, que ultrapassa a dimensão do fazer e do agir, levando cada indivíduo a pensar sobre o seu próprio pensamento, a reflectir acerca da sua própria acção e formas de aprendizagem, de modo a transformar-se e retransformar-se, dentro dos padrões morais e sociais construídos em cooperação. Assim, o desenvolvimento socio-moral dos alunos não se faz de forma transmissiva, imposta pelo professor, tendo em conta as normas sociais vigentes, mas “a sua interiorização resulta da própria consciência moral da criança. Quer dizer, quando os alunos se tornam conscientes de que são parte integrante de uma comunidade humana. Isto faz com que livre e voluntariamente se sujeitem ao respeito pelos normativos que regem essa comunidade. É revendo-se nas regras que se submetem a elas, respeitando-as, isto é, que as interiorizam” (Serralha, 2007, pág.10).
Em Conselho regula-se toda a vida da turma, nas perspectivas curricular e social porque “é a participação activa das crianças e dos jovens, na construção das aprendizagens e em tudo o que estas envolvem: planeamento, avaliação, manutenção e gestão do espaço e dos materiais que sustentam a organização, que lhes vai permitir fazer a aquisição das competências sociais, desenvolver a responsabilidade, concedendo-lhe também a oportunidade de exercício efectivo do poder. Assim, todo o acto educativo se desenvolve e vai crescendo pela cooperação” (Serralha 2007, pág.6). 
  
Já fui referindo os princípios teóricos relativos à importância e intencionalidades do Conselho de Cooperação. Mas, do ponto de vista mais prático, como é que o Conselho funciona, afinal? Em primeiro lugar, é importante esclarecer que o Conselho é constituído por vários momentos; sempre que se planifica, avalia, negoceia, ou se discute a vida do grupo, assume-se estar em Conselho. Ora, de modo mais formal, estão instituídos diariamente dois breves momentos de Conselho, de manhã para planificar e, no final no dia, para avaliar o cumprimento desse mesmo plano. À segunda-feira, o momento da planificação é mais alargado, uma vez que se planifica o trabalho de toda a semana, nas suas diversas dinâmicas, desde os momentos colectivos, ao trabalho individual, mediado pelo Plano Individual de Trabalho. É também nesse momento que se avaliam e trocam as tarefas, de rotatividade semanal. A semana termina com o Conselho de sexta-feira à tarde, em que se lêem e discutem as ocorrências Diário de Turma. Este instrumento está presente ao longo de toda a semana e é o espaço comunicativo onde as crianças e adultos podem registar os acontecimentos mais significativos que viverem; no Diário de Turma existe um espaço denominado de “gostei”, para as ocorrências positivas, outro espaço denominado de “não gostei”, destinado ao registo de ocorrências mais conflituais ou negativas e ainda o espaço do “proponho” que, fazendo jus ao nome, é onde se registam as propostas que cada um quer fazer à turma.
No início de cada Conselho de sexta-feira, os presidentes lêem a acta da semana anterior e verificam o cumprimento ou incumprimento dos compromissos assumidos. Não nos alongamos muito porque, relativamente aos compromissos que não foram cumpridos, acabam sempre por surgir ocorrências no diário que depois se discutem, levando aos mesmos assuntos.
Cada par de presidentes organiza-se como considera melhor, mas o habitual é um deles se ocupar da leitura das ocorrências e escrita da acta, e o outro ficar encarregue de dar a palavra e gerir as intervenções. Está combinado que, em primeiro lugar, se dá a palavra ao autor da ocorrência, depois às restantes pessoas envolvidas e só depois disso é que se alarga a discussão à turma. O objectivo é as pessoas que agiram de forma incorrecta assumirem compromissos, depois de terem reflectido sobre as consequências do que fizeram, colocando-se no lugar dos outros e pensando de que forma é que poderão agir melhor das próximas vezes. É comum a turma dar sugestões e adoptar estratégias para ajudar essas pessoas a levarem a cabo os seus compromissos. (...)"

Louseiro, M. (2011). Contributos da prática de Conselho de Cooperação Educativa para o desenvolvimento socio-moral dos jovens. Revista do Movimento da Escola Moderna, nº39, pp. 13-16.

 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

GreenFestival setembro de 2012

O nosso colégio foi ao GreenFestival no Centro de Congressos do Estoril, que este ano teve o tema do Empreendedorismo associado à sustentabilidade do nosso Planeta. Este esteve representado por um dos seus sócios (educador da empresa) e um responsável técnico. Participou em várias atividades com especial foco na conferência Mudar de Rumo: o que as empresas podem fazer pela sociedade?

A presença neste festival teve como principal finalidade a recolha de materiais que se podem tornar pedagógicos não só para a sala de aula, como para a administração da instituição do ponto de vista da sustentabilidade.


Enquanto espaço ao serviço da Educação, mas também do meio ambiente, este colégio sempre procurou passar aos seus alunos a preocupação com a proteção dos ecossistemas e introduzir no seu dia-a-dia boas práticas ecológicas. Para continuarmos em constante atualização recolhemos brochuras, material didático e informação de projetos de empresas portuguesas com preocupação ambiental que servirão de exemplo para os nossos alunos. Este material fará parte das bibliotecas de sala e poderá servir de base investigativa para os seus projetos, assim como de apoio ao professor no aprofundamento de algumas questões ambientais ligadas às temáticas de Estudo do Meio, promovendo também a Educação Ecológica e Ambiental.

No que se refere ao colégio enquanto instituição foi importante a participação neste festival pela reflexão interna que proporcionou: a Educação ao serviço da evolução social, económica e ambiental, partindo do colégio para o país. Tomámos consciência de que ao proporcionarmos aos nossos alunos a vivência real em comunidade de aprendizagem, onde os valores são vividos diariamente numa perspetiva democrática e empreendedora, estamos a ajudar não só à sua adaptação, mas à participação no processo de transformação social e económica que o nosso país vive atualmente. Nunca esquecendo o papel do colégio na constante atualização para a inovação e a responsabilidade de todos os dias contribuir para o despertar da consciência de crianças e jovens com exemplos concretos de boas práticas de sustentabilidade ambiental e comunitária, às quais no futuro darão continuidade. Percebemos ainda que ao incentivarmos a metodologia de projeto, ou seja a aprendizagem através de projetos, estamos a trazer para o colégio a cultura de empreendedorismo; formando alunos que questionam, propõe ideias, acreditam nas suas ideias, que as testam, que procuram desenvolver as suas competências através desse processo. Procuram fundamentações teóricas, apoios, aconselhamento e parcerias para perceberem a viabilidade de concretizarem os seus projetos. Ao educarmos crianças com o auto-conceito (muitas vezes ainda que inconsciente) de empreendedores estamos a ajudar na formação de futuros adultos ativos na sociedade, que poderão apresentar projetos inovadores que criem postos de trabalho e promovam a sustentabilidade do nosso planeta.









            “A Terra não tem uma capacidade infinita para acolher o engenho humano. Mas o génio do Homem tem de ser capaz de garantir e preservar o futuro.”

  Honório J. (Presidente da Direção do BCSD Portugal (Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável)), in 10 Anos de Sustentabilidade, 2011